terça-feira, 31 de março de 2009

Adolescência: uma construção social.


“O homem é um indivíduo social, pois nasce em sociedade e necessita dos outros para sobreviver” Jacob L. Moreno
Conforme se observa no cotidiano, o conhecimento acerca da adolescência é, em geral, preconceituoso e determinista; como, por exemplo quando se ouve expressões como: ‘o adolescente é rebelde’, ‘o adolescente é desinteressado’, ‘o adolescente é inconsequente’, etc.Nem todo o adolescente é, fundamentalmente, rebelde ou conflituoso. Existem sim, características difundidas a respeito, que generalizam os comportamentos dos adolescentes, como se fossem próprios desta fase. No entanto, o que acontece, é que estas características, estão diretamente ligadas a maneira como ele consegue, naquele momento, se relacionar com o mundo a sua volta. Ou seja, estas relações não são, necessariamente, conflituosas.Diante disso, há uma necessidade de rever estes conceitos para possibilitar aos adolescentes meios que os auxiliem na constituição de uma subjetividade menos redutível e determinista, e mais autêntica.O adolescente, como qualquer outra pessoa, irá assumir o lugar e a identidade, conforme é reconhecido. Se este lugar é de irresponsabilidade, incapacidade, desinteresse, é este perfil de adolescente que, provavelmente, se terá. Por outro lado, se lhe for atribuído a imagem de empreendedor, criativo, responsável, este é o papel que ele se empenhará em desenvolver. Ou seja, quando se expressa: “Você é um desinteressado, um irresponsável!”, estamos dizendo o que ele é, e consequentemente, como deve agir. Acreditar na capacidade de crescimento do outro, é incentivá-lo a acreditar em si mesmo.No processo de construção da personalidade, em todo ser humano há o desejo e a necessidade de ser reconhecido como ser único, diferente. Nesta fase, acontece uma ruptura na relação infantil e dependente com os pais gerando uma desidentificação com os mesmos, uma identificação com grupos de amigos, para então construir a sua própria identidade e descobrir-se como ser único. Essa conquista é um processo natural que precisa ser apoiado e compreendido, caso contrário, a família e o adolescente sofrem demasiadamente com esta ruptura, e o sujeito corre o risco de desenvolver parcialmente sua autonomia, responsabilidade e autenticidade.A família deve auxiliar o adolescente na compreensão da importância de comprometer-se com a própria liberdade e responsabilidade, para tanto, nas relações familiares, os pais não devem acobertar os comportamentos indesejados de seus filhos, pois estas atitudes isentam o adolescente de se responsabilizar pelos próprios atos, perdendo a oportunidade de aprender diretamente nas bases familiares.Há certo descrédito, por parte de pais e da sociedade em geral, referente aos adolescentes que já tenham causado algum tipo de conflito. Neste sentido, a psicologia pode contribuir de diversas formas para resgatar a essência de cada sujeito e a saúde das suas relações.

Suzan Alberton Pozzer
Psicóloga Clínica

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